Chega o reveillon também na cidade de Abundância.
Os cacarejos se misturam com os desejos de paz do senhor, com os goles quase infindáveis de cachaça, com as reclamações dos metidos a políticos, criticando a queima de fogos, como se fosse mesmo importante.
Na cidade de Abundância o reveillon é assim: rivais se abraçando e desejando tudo de bom um ao outro.
Sabe que eu te considero para caramba é a frase mais ouvida.
As novinhas soltam o eu te amo para as chamadas vagabas. Os abanadores de bunda preferem continuar fazendo cara de mau e dar aquela tragada em seus cigarros.
As virgens não Maria tomam seus primeiros porres. As coroas solteironas perdem a linha.
E no meio de tanta gente já citada, na cidade pequena de Abundância, existe um que foge a todas as regras, ou pelo menos assim ele pensa.
Na cidade Abundância, essa pessoa é querida em todos os grupos aqui criticados, bem como naqueles que devemos pois, deixar quietos.
Esse cara é diariamente chamado de "foda"!
Esse cara sempre morou na cidade de Abundância, e observador por natureza, conhece bem aqueles que moram lá.
Na cidade de Abundância ele é louvado, ele é querido, ele é impedido, ele é de todos, ao mesmo tempo em que é sozinho.
Esse cara é o narrador da história, ele canta as jogadas e elas acontecem.
Ele não é nenhum galã, longe disso e , talvez por isso, as meninas se apressem querendo ser suas amigas, para terem esse fato como desculpa para qualquer lampejo de pretensão dele para com elas.
A cidade de Abundância é assim, tem que ter um personagem específico na história. O narrador personagem da cidade de Abundância.
Para alguns ele é uma das figuraças que moram lá.
Mas ele prefere seguir ironizando. Chegando em casa e escrevendo sobre as cidades pequenas de nosso país, ele acaba por falar sobre si mesmo.
A cidade de Abundância é um teatro gigante, e como toda boa peça (será?), as cortinas devem ser fechadas.
E esse cara surge perante a plateia, junta as pernas, dobra um dos braços sobre a barriga, e agradece.
To be not continued !
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