segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Salmo apócrifo

Eu sei que meu cajado também pode abrir o mar.
Levar-me entre as águas no princípio de meu êxodo.
Fazei de mim meu próprio líder nessa fuga de mim mesmo.
Onde em fim me reencontro tal como era antigamente.
E percebo que fugir de mim é o mesmo que me achar.
Eu sei que meu cavalo de madeira também pode me ser fatal.
Onde soldados saem do esconderijo e exterminam minha mente.
Fazei de mim o maior guerreiro e dai forças também ao meu calcanhar.
Nutra meu amor com correspondência.
Eu sei ainda que até cabelos me fazem escalar a mais alta torre.
Onde lá está a mais bela em seu quarto a me aguardar.
Fazei de mim determinado a enfrentar bruxas e feitiços.
E percebo que as feridas um dia hão de curar.
Eu sei que os verdes campos só se mostram a quem procura.
Mas aqueles que se perdem também podem encontrar.
Meu navio de madeira, minha bandeira,flutua o mar.
E o tesouro que o mapa indica pode estar em outro lugar.
Percebo enfim que o papagaio em meu ombro também fala sem pensar.
Fazei de mim um só espírito, um só corpo, um só olhar.

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